
Hoje é o último dia do meu primeiro Cannes Lions. Entre as diversas palestras e experiências, uma coisa ficou muito clara: o óbvio precisa ser dito. E não só precisa ser dito, como ser praticado.
Nestes cinco dias de festival, uma das coisas que mais me dediquei em ver foram defesas de Glass e Titanium, gastar um tempo no espaço exclusivo do Love The Work ou participar de talks como o do Mark Pollard, que mostrou quase como psicanálise que nossas frustrações são coletivas. Quase todo mundo trabalha sem o tempo ideal e se desaponta quando o cliente não quer fazer uma ideia corajosa.
Com essas vivências, somado a um olhar de PR, percebi que tem muita coisa no nosso mercado que não é falada ou é tratada como default. Seja para trocar frustrações ou para construir uma campanha. E isso pode ser perigoso, porque faz com que deixemos para trás coisas óbvias, mas muito importantes.
Uma campanha foda, por exemplo, não é construída sem uma verdade cultural forte ou um problema socioambiental incontestável, nenhuma ação pontual é boa o suficiente para mudar o ponteiro e por ai vai. Abaixo, inclusive, listei alguns pontos que os cases mais relevantes que li durante este período tinham em comum. Você, leitor, já deve imaginar que nenhum deles também é novidade:
Em meio a tantas ações que falaram sobre o mesmo tema, as marcas que mais se destacaram foram as que trouxeram luz para algo que ainda não estava sendo visto;
Brincar com o imaginário do público é um diferencial;
Inteligência artificial só é legal se estiver à favor de uma causa maior;
Nenhuma verdade de marca é tão verdadeira quando aquela que é senso-comum.
Neste último dia, criei a pulga atrás da orelha: se o modus operandi é tão óbvio, por que ainda existem poucos trabalhos que realmente mexem com a gente? Que nos fazem nos emocionar, rir ou questionar?
É por isso que o óbvio precisa ser dito.